"Clube dos Vândalos" é um filme que se propõe a retratar uma década na vida de motoqueiros americanos, focando nas transformações do grupo liderado por Johnny (Tom Hardy) e seu impacto sobre os membros, especialmente o casal central, Kathy (Jodie Comer) e Benny (Austin Butler).



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O filme é elogiado pela sua reconstituição de época detalhada e uma trilha sonora que captura a essência dos anos 60 e 70. O elenco é consistentemente destacado, com Jodie Comer se destacando como Kathy, uma personagem que evolui ao longo dos anos dentro do contexto turbulento dos Vândalos. Comer entrega uma performance que equilibra inocência inicial com uma crescente tensão e desilusão, tornando-a o ponto alto do elenco, a melhor atuação do filme.

Tom Hardy, como o enigmático Johnny, também recebe elogios por sua interpretação vigorosa e pela maneira como transmite a transformação de seu personagem, de um idealista a um líder sombrio e distante. Austin Butler, embora convincente como o rebelde Benny, às vezes é visto como menos cativante devido ao roteiro que não o desenvolve plenamente, deixando-o à mercê de momentos de superficialidade. Senti que a produção não conseguiu explorar muito bem a qualidade do ator, que já demonstrou o seu potencial ainda esse ano no filme de Denis Villeneuve, Duna 2.


A crítica principal ao filme reside no seu ritmo irregular e na direção de Jeff Nichols, que, embora comece bem, falha em manter o ímpeto ao longo da narrativa.

Universal Pictures/Reprodução


Além disso, repetições desnecessárias de diálogos e cenas que não contribuem significativamente para o desenvolvimento dos personagens também são apontadas como falhas. O filme parece perder o controle em alguns momentos, mas consegue se recuperar em seu terço final, oferecendo um fechamento mais satisfatório.

Tom Hardy e Austin Butler em "Clube dos Vândalos "Kyle Kaplan/Focus Features



Apesar das críticas, "Clube dos Vândalos" é visualmente atraente, com uma fotografia cuidadosa e direção de arte meticulosa que recriam efetivamente o período retratado. No entanto, poderia ter explorado melhor os contextos sociais e culturais da época, como a contracultura e a guerra do Vietnã, para enriquecer sua narrativa.

Ao se basear em uma história real, adquire uma aura documental que, por vezes, parece limitar as escolhas narrativas do diretor Jeff Nichols. Essa abordagem, enquanto oferece autenticidade à trama, também impõe certas restrições ao desenvolvimento dos personagens e à estrutura da história. O filme busca retratar fielmente a vida dos motoqueiros, inspirado no livro de fotos "The Bikeriders" de Danny Lyon, o que confere uma sensação de veracidade aos eventos e às personalidades apresentadas.

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No entanto, essa fidelidade histórica pode ter contribuído para o ritmo irregular do filme e para a sensação de que algumas cenas são mais descritivas do que profundamente envolventes. A necessidade de manter-se fiel aos eventos reais pode ter limitado a capacidade do diretor de explorar plenamente as nuances emocionais dos personagens ou de ampliar o escopo narrativo para além dos eventos específicos retratados, tendo poucas cenas de ação.


Por outro lado, essa abordagem documental também confere ao filme uma textura autêntica e uma sensação de imersão na época e nas circunstâncias sociais e culturais dos Vândalos. A escolha de focar nas entrevistas e nos relatos de Kathy, entrelaçados com a narrativa principal, adiciona camadas de profundidade psicológica aos personagens principais, mesmo que em alguns momentos isso possa parecer repetitivo ou redundante.

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Dessa forma, enquanto "Clube dos Vândalos" se beneficia de sua base histórica e de uma forte atuação do elenco, essa mesma autenticidade pode ter contribuído para as críticas em relação ao ritmo e à direção. A sensação de documentário, embora enriqueça a autenticidade, também pode ter tornado mais desafiador para o diretor encontrar um equilíbrio entre fidelidade histórica e envolvimento emocional do público.

Em resumo, "Clube dos Vândalos" é um filme que se beneficia de um excelente elenco e uma ambientação bem feita, mas é prejudicado por escolhas narrativas que impedem seu potencial completo. Com uma trama que oscila entre momentos de intensidade e outros mais arrastados, o filme agrada, mas deixa a sensação de que poderia ter alcançado patamares mais altos com uma execução mais consistente e focada.


Nota: 8,0

Jonathan Matheus / Incrivelmente Nerd